quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

como foi o seu carnaval?

O meu foi bem proveitoso.
Fiquei no Rio, longe de tumulto e sol. o máximo de sol que peguei foi na varanda de casa pela manhã cedinho. Aproveitei para relaxar em paz e ler alguns livros. Li 5 livros durante o carnaval, todos muito bons!!!! Vejam os comentários de cada um:

 
Este foi o primeiro livro, comecei a ler em Janeiro, mas reamente engrenei na sexta, já entrando no carnaval.  De todos os que li é o que tem a leitura mais pesada. Mas nem de longe, nem de perto é um livro cansativo. É um livro com um enredo muito bonito. Um homem, professor de línguas clássicas em Berna, na Suiça, depois de encontrar com uma mulher em profunda tristeza tem sua vida mudada por um forte instinto inexplicável. Ele abandona a sala de aula, vaga pela cida, entra numa livraria, vê um livro, numa lingua desconhecida. O livreiro traduz um trecho para ele que se encanta perdidamente. Compra dicionário, o livro e vai para casa se isolar e traduzir o livro. Nem bem inicia e o ato de loucura vai além, arruma sua mala e vai rumo a Portugal, tentar encontrar o autor do livro, que coincidentemente é da mesma origem da mulher amargurada que ele havia encontrado naquela manhã. Chegando em Portugal, sem conhecer ninguém, nem falar a língua nativa, ele vai se virando e percorrendo caminhos até chegar ao autor, ou o que ele achou que era o autor. Um livro profundo! Dentro do livro o autor acaba escrevendo outro livro, pois com os diversos trechos narrados da leitura podemos formar mais um livro.  Esse livro é uma grande viagem ao nosso sentir. Um livro que nos faz questionar.


 
O Vendedor de passados, um livro do Angolano José Eduardo Agualusa. Já tinha ouvido falar dele mas não tinha lido ainda nenhum livro dele. Quando vi este, comprei pela capa colorida e pelo enredo que conta a história de um homem que cria passados. Mas me surpreendi com o narrador, que é nada mais que uma osga (lagartixa). A história é muito bem estruturada, o final é muito interessante, ele faz um elo entre os personagens que surpreende. E a escrita é leve, um livro que dá um gostoso prazer de ler. Eu mais que recomendo!!!!
 
Eu já tinha lido Equador, deste mesmo autor português - Miguel Sousa Tavares. Lembro nitidamente que Equador foi um livro encantador, terminei apaixonada. Outro dia folheando um jornal, vi que algum desses famosos estava lendo o novo livro dele, No Teu Deserto e fiquei curiosa com o livro. Num momento qualquer em que fui a livraria para tomar um café e olhar algumas capas dei com esta, num cantinho da estante central. Na mesma hora peguei e comecei a ler, gostei e resolvi trazer para casa. Mas comecei a ler só agora no carnaval. A leitura é absolutamente fácil e rápida. Ele narra uma viagem pelo deserto acompanhado da Claudia que ele conheceu pouco antes de embarcarem e conta toda a trajetória e relação deles. é uma narrativa que me fez questionar até que ponto observo as pessoas ao meu lado, até que ponto sinto as pessoas ao meu lado. Lindo, delicado!
Veja uns poucos trechos:
"(No fim, tu morres. No fim do livro, tu morres. Assim mesmo, como se morre nos romances: sem aviso, sem razão a benefício apenas da história que se quis contar. Assim, tu morres e eu conto. E ficamos de contas saldadas.)"
"Mas, desta viagem, eu lembro-me exactamente quando foi e que idade tinha: tinha trinta e seis anos, e lembro-me por isso mesmo, porque foi o ano da minha vida em que me senti mais novo. Nem aos vinte e cinco, nem aos vinte e um, nem aos dezoito. Foi aos trinta e seis anos de idade que eu me senti eternamente jovem, quase imortal ou, mais arrepiante ainda, indiferente à própria ideia de morte. E, se eu era jovem, tu, a meus olhos, eras a própria juventude. Tudo em ti, não apenas os teus absurdos vinte e um anos: a própria maneira um pouco estouvada de caminhares, como se ainda não tivesses aprendido bem a andar, a maneira de pararares, virar a cabeça e sorrir por cima do ombro, os teus ares de menina pequenina que precisa de ser embalada e que alternavas com vãs tentativas de parecer mulher adulta e sabida, a tua alegria rodeada de crianças no chão de areia de uma aldeia perdida numa pista do deserto, o teu tom sério rodeada de adultos, à noite junto a uma fogueira, fingindo, como os adultos, procurar naquele lençol de estrelas que quase nos tocavam de tão próximas a resposta que lá devia estar sobre o destino do universo e o nosso."
"Aprendi que é preciso dar tempo aos outros para olharem."
"A coisa mais difícil e mais bonita de partilhar entre duas pessoas é o silêncio."


Este livro surgiu da oficina de contos que fiz semana passada, lembram que postei sobre isso? Pois bem, a oficina foi com a autora deste livro, Cintia Moscovich. Falaram tanto do livro que fiquei curiosa em conhecer este trabalho dela. Foi impressionante, nas primeiras linhas eu já me senti como num quarto fazendo uma terapia de choque de alta qualidade. O livro falou comigo! Em alguns momentos via minha mãe, em outros minha sogra, minhas avós. Ia lendo e sentindo a vontade de escrever, escrever pelo simples fato de colcoar no papel tudo o que ficou da minha infância e relação familiar. Senti uma vontade enorme de pegar a autora, sentar na varanda, na rede azul e conversar horas a fio sobre famílias, quilos a mais, dores e pesares, mas também a alegria da comida. Bom, acho que vou escrever, quem sabe emagreço alguns quilos? O livro, sim eu indico! Não é auto-ajuda, não é história real da autora, é um romance atual, que fala do que mais aflige toda mulher, os quilos a mais.


 
Estava na Livraria Prefácio, eu e minhas idas à livraria para tomar café, e vi este livro com esta capa ilustrada. Dei uma folheada e gostei da diagramação, ai pensei comigo: - Se a capa é interessante, a diagramação também o conteúdo deve ser bom. E não deu outra. O Leandro Narloch depois de ler diversos livros históricos resolveu descontruir nossos ícones e recontar algumas histórias que  aprendemos nas escolas.
Por exemplo, você sabia que Zumbi tinha escravos? Que haviam negros e negras muito ricos, com  mais forntunas e escravos que alguns brancos?
E que, quem mais matou os índios foram os próprios índios? 
E Aleijadinho, não há documentos que comprovem a sua existência como um artesão com defeitos físicos. Ao que tudo indica ele foi um personagem literário, que se transformou num ícone brasileiro.
Já Santos Dumont,  não inventou nem o avião nem o relógio.
Livro muito interessante!

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