quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

livro I - Amor em Terra de Chamas


em Amor em terra de chamas, Jean Sasson conta a história de como Joanna viveu as guerras locais e como ela conseguiu realizar os sonhos de sua vida. uma menina que vai se transformando em mulher, madura e guerreira. e com os sofrimentos impostos pela guerra ela conquista o amor da sua vida e a liberdade.
uma história real.

o livro tem um texto simples, de fácil e rápida leitura. a grossura do livro espanta os preguiçosos, mas as folhas são grossas o que faz o volume ser maior do que deveria ser.
ao meu ver o objetivo do livro é informar, contar os horrores de uma guerra, mostrar como a sobrevivência é difícil e como não temos acesso a todas as informações. se era esse o desejo da autora ela conseguiu.

mas para mim ela alcançou mais um objetivo. devemos valorizar o que temos, a paz e a liberdade que vivemos. a beleza de nossa cidade, o direito de ir e vir, o dormir e acordar sem a preocupação de uma bomba caindo ao nosso lado. por pior que seja nossa situação, não estamos vivendo numa guerra como a que eles viveram.

seguem alguns trechos do livro:

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"Ainda não era madura o suficiente para compreender que os ventos da fortuna mudam de direção continuamente. Não podia imaginar que logo teria um encontro que seria o evento mais importante da minha vida."

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"Ele andava pelas margens do Tigre, o lugar que mais amava em Bagdá, e lá descobriu que perdera a fé em seu país. O Iraque deixara de ser um bom lugar para um homem de princípio. Essa constatação o levou à dolorosa decisão de deixar o Iraque, talvez para sempre."

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"Eu estava tão feliz que ri com ele, mas tive de admitir:
- Não, eu não conheço essa história.
- Eu vou lhe contar. O rei ofereceu pagamento adiantado a quem se dispusesse a aceitar o trabalho. Quem ensinasse seu burro a falar, ficaria com o dinheiro. Mas no final do ano, se o burro não falasse, o voluntário pagaria com a vida. Um homem conhecido como o mais sábio do reino aceito a oferta do rei, guardou o dinheiro e prometeu fazer o burro falar. Os amigos preveniram e perguntaram se ele havia perdido a razão, porque não havia nenhuma evidência de que um burro pudesse falar. Mas ele era um homem otimista. Em sua sábia opinião, muitas coisas podiam acontecer em um ano. O rei poderia morrer. Ele mesmo poderia morrer. O burro poderia morrer. Ou, talvez, pudesse haver um milagre: o burro aprenderia a falar."

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"Depois daquele momento de tensão e apreensão, todos voltaram a seus afazeres como se nada houvesse acontecido. Naquele dia compreendi que o ser humano é capaz de adaptar-se a quase tudo."

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"Querida mãe, estou nesse vilarejo há tempo suficiente para saber que escolhi o caminho correto. Não me arrependo por ter escolhido Sarbast ou essa vida peshmerga. Ele é o homem que eu quero como companheiro. Tem força de vontade e atitudes firmes que me agradam. Ele escolheu uma vida repleta de aventuras, riscos e perigos, mas é uma boa vida que me faz orgulhosa, porque ele se sacrifica por uma causa em que acredita. Por tudo isso me sinto honrada em ser esposa de um lutador, orgulho-me de compartilhar suas dificuldades, porque sua causa é minha causa.
Mas, é claro, minha vida mudou muito. Já não me lembro a jovem que fui em Bagdá, aquela que comia comidas deliciosas, ia às compras em busca de belas roupas e tomava chá e café conversando com amigos e familiares.
...
A nova jovem está vivendo uma guerra diferente todos os dias, e são batalhas muito duras. Em Bagdá ouvíamos histórias sobre as crueldades praticadas contra nossos irmãos e irmãs no Curdistão, mas a realidade é pior do que jamais imaginamos. Essa guerra selvagem é travada contra nossa gente, pessoas que lutam por uma vida livre nessa terra, e mesmo assim nos sentimos todos felizes, porque temos grande determinação em vencer."

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"Sarbast olhou para mim com um sorriso que expressava felicidade e orgulho.
- Você conseguiu, Joanna. Conseguiu!
- Nós conseguimos. Triunfamos, afinal.
E era verdade. Fomos caçados como animais, mas lutamos pela sobrevivência. O Curdistão ainda vivia um período de trevas e caos, e milhares de curdos haviam morrido, embora nós estivéssemos vivos, mas nós nos reagruparíamos e voltaríamos. O sonho curdo sobreviveria.
Úteros curdos já começavam a compensar as vidas perdidas."

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"Estávamos salvos. Nunca mais teríamos de nos preocupar com as armas químicas de Saddam Hussein. Estávamos livres da sinistra vida de refugiados no Irã e dos violentos oficiais da polícia síria. Estávamos na Inglaterra. Lá poderíamos recomeçar. Na Inglaterra poderíamos viver com segurança. Criaríamos Kosha, nosso filho. A enormidade daquele momento me fez chorar de felicidade."

***

"Mas o Curdistão não era livre, e muitos que haviam amado as montanhas e os vales do Curdistão estavam agora mortos, ou vivendo como refugiados indesejados.
Finalmente, consegui entender que , mesmo que Saddam obtivesse sucesso em sua intenção de massacrar todos os curdos vivos, o mundo nunca notaria. Saddam era o queridinho da administração Reagan, e seu genocídio de cem mil curdos havia sido praticamente ignorado."

***

"Suspirei profundamente. Sorrindo, fui me sentar à escrivaninha colocada em um canto. Peguei uma folha de papel com timbre do hotel e olhei para a página em branco por alguns momentos.
Depois escrevi as palavras que eram boas demais para serem verdadeiras: 'Sarbast, Joanna e Kosha Hussein estão livres!'
Nós estamos livres!"

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