segunda-feira, 7 de julho de 2008

Crônica de um amor

Ele veio sorrateiro, passava e olhava. Percebia o comprimento da saia, o cheiro do perfume. Fazia que estava amarrando o tênis para olhar e estar perto. Tímido, não falava que amava aquela mulher. E ela, sem perceber, corria para um lado, para outro, sempre com suas amigas e, quando apareciam crianças, largava todos para ficar sentada no chão brincando, também tímida, não se mostrava para os homens, achava que não estava a altura de nenhum deles, que todos não queriam uma menina, que era como se sentia.

Com o tempo, as pessoas perceberam que ele ficava tenso, transpirava, gaguejava quando ela chegava perto. Passaram a incentivar que o rapaz fosse falar com ela mas a timidez era tanta que ele não conseguia. Sempre que chegava perto, perdia a voz. Passava noites e dias pensando nela e em como se aproximar, conquistar aquela que era sua Deusa, sua Rainha. Não conseguia esquecer o cheiro do seu perfume e sonhava em tê-la ao seu lado, andando de mãos dadas pela vida. Faltava forças para vencer a timidez, se ocupava tanto pensando que não percebeu que a vida seguia, outro apareceu e se encantou pela sutil beleza da mulher que ele tanto amava.

Muito galanteador o jovem se aproximou da menina e a conquistou. A relação durou anos e ela se transformou numa bela e forte mulher.

O rapaz tímido, continuou a amá-la, não tinha olhos para nenhuma outra. Ficou ali, o tempo todo, observando e acreditando que um dia ela seria sua. Eles viveriam juntos.

A vida continuou, eles em seus caminhos; se cruzavam rapidamente e apenas trocavam cumprimentos. Com o tempo, o marido envelheceu, adoeceu e morreu. Viúva, ela sentia que ele tinha cumprido seu dever, mas e ela? Faltava alguma coisa, sabia que ainda tinha que viver um grande amor. Mas como? Ela já tinha 70 anos e não iria procurar nenhum amor naquela altura da vida.

Sabendo da morte do rival de tantos anos, o homem tímido, resolveu que era o momento, não podia mais deixar de lado todo o amor que sentia por aquela mulher, não podia perder mais um minuto de seus 78 anos, tinha que conversar com ela. E foi. Nervoso, gaguejando, falou.

- Mulher amada, desde que nos conhecemos sinto o seu perfume, te vejo e te admiro. Te amo e te desejo, nunca consegui viver um dia sem pensar em você, sem desejar que você fosse muito feliz. Não conseguia vencer a timidez, mas agora, com 78 anos, meu peito arde e não posso mais esconder o quanto te amo. Vivi minha vida sem querer e acreditar em outro relacionamento, vivi desejando poder te abraçar e andar de mãos dadas pelas ruas, dar te flores e acordar com o seu sorriso. Sei que não somos mais os jovens de antigamente, mas quero, nem que por um dia, viver ao seu lado e segurar suas mãos.

Neste momento, a mulher pôs as mãos em seus lábios, segurou suas mãos, as beijou e disse.

- Eu sempre quis que este dia chegasse, acreditei que você não tinha interesse em mim. Desejava, mas não fui forte para te esperar, nem para te procurar. Vivi todos estes anos, desejando que meu marido fosse você. Não importa se teremos 15 minutos, 1 semana, meses ou anos. O que me importa é poder dizer: vivi o resto da minha vida ao lado do meu grande amor.

É mais uma história de final feliz, eu tinha que escrever, eu acredito em finais felizes.

Um comentário:

Unknown disse...

Lindo!! Eu tb acredito em finais felizes, e tenha certeza de uma coisa, quem planta o bem, quem tem sentimentos bons e vive em paz, terá um final feliz, vc merece muito viver este enredo! Tudo na vida tem seu tempo, sua hora certa, é só esperar... Bjs queridona